O Bem e o Mal (sessão 3)

No seguimento das actividades das duas últimas sessões dedicadas a pensar sobre este tema, verificámos que o que está bem para umas pessoas pode estar mal para outras e vice-versa. Três histórias retiradas do livro O Bem e o Mal serviram para introduzir esta questão.

1.ª história

“Para viver, o lobo precisa de comer o cordeiro: para os lobos, matar um cordeiro está bem. Disso depende a vida do lobo, da loba e o crescimento dos lobitos. Mas o cordeiro, esse, não quer morrer: para os cordeiros, o que os lobos fazem está mal. E a vontade de viver que o cordeiro tem, está bem.”

2.ª história

“Águia Manhosa corre para a sua tenda, e aos pés do pai coloca um arco e flechas. Acaba de as roubar num acampamento, do outro lado da montanha. Muito comovido, o pai felicita-o: é um grande dia, este do primeiro roubo do seu filho. Festejá-lo-ão, à noite, em família.”

3.ª história

“Num café, debaixo de uma mesa onde ninguém está sentado, a Cátia vê uma nota de 10 euros. Duas mesadas! Apanha-a, e depois hesita. Faço mal em ficar com ela? Seria talvez melhor levá-la ao dono do café? Assim, se a pessoa que perdeu a nota voltar, o dono pode devolver-lha. Mas como é que se pode provar que a nota era mesmo a dessa pessoa? As notas não trazem o nome dos proprietários. E como ter a certeza de que o dono do café não fica com os 10 euros? «Se hão-de ser para ele, então mais vale que fiquem para mim», pensa a Cátia. Então o que é que está correcto: guardar a nota? Dá-la ao dono do café? Perguntar em voz alta: «Quem perdeu 10 euros?»

Como seria de esperar, a maioria dos alunos mostrou-se mais favorável à posição do cordeiro do que do lobo da 1.ª história. O mau da fita é o lobo e o bom é o cordeiro. Mas não foi consensual e então teríamos duas hipóteses de resolver esta situação: a) o lobo consegue convencer o cordeiro de que o bem é deixar-se comer, praticando uma boa ação; b) o cordeiro consegue convencer o lobo de que o mal está em matar para comer, o mal está em ser mais forte. A solução mais votada foi a segunda, correspondendo à opinião da maioria das pessoas a quem é colocada esta questão; o mal é muitas vezes característico dos mais fortes e o bem dos mais fracos.

Relativamente à 2.ª história, foi unânime a recriminação do ato cometido pelo pequeno índio. O que para nós é um comportamento que deve ser punido, para os índios Sioux é perfeitamente normal e até é festejado. De facto, o que está bem para uns pode não estar bem para outros!

A última história foi a mais complicada de resolver e aqui não houve mesmo consenso. Metade dos alunos disseram que guardariam a nota, alguns mencionaram que perguntariam se alguém a tinha perdido e uma pequena minoria que daria a nota ao dono do café. Digamos que nem sempre há um bem e um mal, é impossível encontrar uma resposta certa par determinadas situações, como é o caso desta.

E vocês? O que fariam numa situação destas?

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